NOVA YORK - "Tudo o que eu faço, tem que ser com prazer." Foi assim, com leveza e alegria, que a cantora Ivete Sangalo falou da expectativa para seu show de amanhã à noite no Madison Square Garden. Esbanjando bom humor, Ivete fez piada com a própria ansiedade a respeito da estreia na mais famosa arena de concertos do mundo.
- Estou supercalma, dormindo super bem, trabalhando pouco...quase não conheço a metragem do palco...(risos) Veja: a casa está pronta, a festa está pronta. A minha expectativa é se vocês vão se divertir, se vocês vão se emocionar. Esse é o barato do artista. Estou como uma criança ansiosa em casa antes do Natal, esperando seu presente.
Diante da insistência das perguntas sobres os próximos passos de sua carreira internacional, ela disse:
- Não fico em casa pensando, fazendo planos. Eu vivo. Minha carreira gira em torno do prazer. Agora tenho a oportunidade de estar aqui, então vou viver isso, mas não é uma coisa pesada.
Logo no início da entrevista coletiva para dezenas de repórteres brasileiros, americanos e de diversos países da América Latina, Ivete brincou quando um jornalista americano lhe perguntou se ela, estrela brasileira, não temia desaparecer na constelação de Nova York.
- Você é que pensa, meu amigo, que vou desaparecer nessa grande cidade! Estou bombando _ disse ela, provocando risos.
- Quando comecei no Brasil, eu também era desconhecida, e o Brasil é um lugar gigantesco, de muitos talentos. Meu país me trouxe até aqui e me trará a todos os momentos bons da minha carreira, me deu tudo o que eu tenho, meu ritmo, minha música. Não chego aqui com a pretensão de já chegar conhecida, mas o que eu vim fazer aqui, vim fazer direito, com meu país me dando suporte.
Ivete falou muito da vibração de ver os fãs brasileiros tirando fotos em frente ao banner com sua imagem no Madison Square Garden, das pessoas que vieram para vê-la.
- Isso é que é o mais legal. Ver o brasileiro com o ingresso na mão, eu aparecendo em tudo que é buraco e dizendo "Hi! How are you?".Quer dizer, tirar foto com quem comprou ingresso, porque já não tem mais - disse Ivete.
Para a comunidade de imigrantes brasileiros, que irá em peso ao show, ela disse:
- O que eu quero falar é o seguinte: estou aqui querendo vocês muito!
Durante o show, Ivete gravará um novo DVD, sob a direção de Nick Wickman, que já dirigiu DVDs de Beyoncé e Madonna. Ela falou sobre os ensaios, e disse que modificou os padrões aos quais os americanos estão acostumados.
Ivete avisou ao diretor que ele teria que correr atrás. Literalmente. Depois dos ensaios em Worcester (Massachusetts), onde ela fez show de sua turnê nos EUA, Nick Wickman decidiu aumentar o número de câmeras no Madison Square Garden, para garantir que terá Ivete no quadro. Preocupado com a correria de Ivete, o diretor lhe perguntou sobre o suor.
- Eu não tenho nada contra suor, meu irmão! Eu sou gente! - respondeu Ivete.
Ivete descartou se inspirar em Beyoncé para seu novo show, que incluirá seis músicas inéditas.
- Isso é um grande equívoco. Vamos rodar em círculos se quisermos ser o que o outro é. Existem ideias pra todos. Eu jamais poderia fazer algo parecido com Beyoncé, porque seria algo parecido com Beyoncé, e não parecido com Ivete - disse a cantora.
Ivete, que respondeu fluentemente em inglês e espanhol, além do português, disse que cantará três músicas em inglês: uma de Michael Jackson, uma de Lionel Ritchie e uma parceria sua com a canadense Nelly Furtado. Também participarão do show como convidados especiais o colombiano Juanes, o argentino Diego Torres, a dupla latina Wisin y Yandel, além de Seu Jorge.
- Conheci Juanes em Portugal, ficamos amigos, vamos cantar uma canção muito latina, sempre faço coisas com artistas da América Latina, com Shakira, com Alejandro Sanz. Tenho uma conexão musical muito forte com todas essas pessoas, uma vibração energética muito boa, somos amigos.
Ivete esbanja charme e simpatia o tempo todo. Ela elogia a voz ("vou lhe chamar pra cantar amanhã"), a roupa de uma repórter (modelão, hein?), o cabelo de outra ("arrasa"), estende o tempo da entrevista para atender a todos. A uma repórter da TV mexicana que lhe perguntou se ela pretendia continuar cantando em espanhol, disse:
- Sim, claro, para que você me conheça mais. Acho muito importante cantar em outras línguas para que outras pessoas me entendam - disse Ivete, que falou fluentemente em inglês e espanhol na coletiva.
- E ainda estou tendo umas aulas de francês, estou embolando tudo, inglês com francês com espanhol. Tem algum alemão aí? Algum güten abend? Ich liebe dich! (eu te amo, em alemão).
Logo depois, quando uma repórter de uma emissora da Acre lhe falou das dificuldades de conseguir equipe de vídeo em NY, sugeriu:
- Minha filha, descarrega essa energia negativa fazendo umas compras no outlet. Vá sozinha, sem equipe, pro outlet. É bafo! Dez cuecas a cinco dólares! Eu não pude ir, mas o parentesco todo fez crédito em meu nome.
O astro britânico James Morrison cancelou sua participação de última hora, devido a uma morte na família.
Respondendo a uma pergunta sobre a possibilidade de seu show ser um marco para a música brasileira, como o show de João Gilberto e outros artistas da Bossa Nova no Carnegie Hall nos anos 60, disse que não pensa nesses termos.
- Foi mais leve pra mim. Quando eu pensei em fazer um show aqui, falei pra Toninho (apelido de Jesus, meu irmão) "vamos levar pra comunidade brasileira a possibilidade de participar de um DVD meu?". Não venho com objetivo de transformar ou fazer disso um divisor de águas da música brasileira.
O show será uma superprodução orçada em US$ 5 milhões, com 800 pessoas envolvidas. Ivete usará cinco figurinos diferentes.
- O pessoal perguntou como eu emagreci, foi só nessa troca de roupas. Já comecei no avião da TAM, pra botar aquela roupa de aeromoça - disse ela, contando que no voo de vinda a NY surpreendeu os passageiros do seu patrocinador se apresentando para o serviço de bordo.
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